terça-feira, 22 de novembro de 2011

Enrustida

Que eu nasci diferente da maioria, isso é fato. 
O negócio é que agora eu quero que todos saibam que eu sou diferente, e por isso mesmo sou igual a todo mundo, quero que todos me aceitem como sou, quero poder andar livre e de cabeça erguida e que minha família me apoie em minha decisão.
Nunca segui à moda como a maioria e sempre me deixei guiar mais pelo coração do que pela razão... O preço de ser diferente as vezes custa caro, mas estou disposta a pagar. Mas por muito tempo me escondi com medo da rejeição, com medo de que nada pudesse dar certo. 
Hoje olho pra trás e vejo traços nítidos do meu verdadeiro eu e me sinto feliz por isso... Foi olhando pra trás que descobri o quanto fui mau, na minha infância, com alguns animais. Eu judiava de pobres sapinhos - bichinhos gosmentos e molhados, eca -  Me arrependo muito disso. Jurei nunca mais jogar sal nas costas deles quando descobri o que era a respiração cutânea e a osmose. Confesso que não é meu animal preferido, mas aprendi também que cada ser existente no mundo exerce uma função importante e que todos devem ser aceitos como são. 
Me constrangi nas primeiras aulas de ciência ao descobrir as diferenças entre os meninos e as meninas, mas não o suficiente a me impedir de querer saber mais sobre tais diferenças.
Não entendo como religião e ciência ainda podem ser tão divergentes, se quando descubro algo novo no mundo me encanto ainda mais com a grandiosidade de Deus.  O universo é tão diversificado e isso é tão maravilhoso!
Aprendi a economizar água na hora do banho, a recusar sacolas sempre que possível, a reaproveitar sempre que necessário e a comprar só o que realmente preciso. 
Sim, algumas pessoas me olham torto e sei que em silêncio me chamam de hipócrita pensando que eu banco a imagem de mulherzinha ecológica Não estou tentado provar nada a ninguém, que isto fique bem claro.
Talvez a única coisa que eu queira de verdade é provar a mim mesma que eu sou capaz de assumir as responsabilidades que minhas escolhas carregam. 
E quem sabe um dia eu vou poder dizer com orgulho: "Mamãe, eu sou bióloga!".

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