terça-feira, 26 de junho de 2012

Escuta essa.

Gerânio
(Marisa Monte)




Ela que descobriu o mundo
E sabe vê-lo do ângulo mais bonito
Canta e melhora a vida, descobre sensações diferentes
Sente e vive intensamente

Aprende e continua aprendiz
Ensina muito e reboca os maiores amigos
Faz dança, cozinha, se balança na rede
E adormece em frente à bela vista

Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda

Conhece a Índia e o Japão e a dança haitiana
Fala inglês e canta em inglês
Escreve diários, pinta lâmpadas, troca pneus
E lava os cabelos com shampoos diferentes

Faz amor e anda de bicicleta dentro de casa
E corre quando quer
Cozinha tudo, costura, já fez boneco de pano
E brinco para a orelha, bolsa de couro, namora e é amiga

Tem computador e rede, rede para dois
Gosta de eletrodomésticos, toca piano e violão
Procura o amor e quer ser mãe, tem lençóis e tem irmãs
Vai ao teatro, mas prefere cinema

Sabe espantar o tédio
Cortar cabelo e nadar no mar
Tédio não passa nem por perto, é infinita, sensível, linda
Estou com saudades e penso tanto em você

Despreocupa-se e pensa no essencial
Dorme e acorda

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Querida infância



Diferentemente da infância vivenciada nos dias atuais a minha foi muito saudável e ora ou outra me pego relembrando bons momentos dos quais eu não me importaria de reviver. Algumas lembranças doces que o tempo não consegue levar e que nem estão ligadas a nada muito importante, mas que de alguma forma e não sei por que estão me acompanhando por estes anos todos.

Eu me lembro da escola e do quão era divertido estar com meus amiguinhos, da educação física e até das aulas de matemática.
Lembro de jogar os tênis nas árvores para derrubar os tamarindos e depois pedras para derrubarmos os tênis. hehehe Fazíamos bolas de meias velhas e voltávamos para casa com as camisetas imundas de tanta sujeira. Brincávamos de 'pezinho' no pátio e todos (mesmo quem não conhecíamos) que estavam por perto acabavam entrando pra brincar também.
Lembro-me da minha mãe saindo pra trabalhar e me deixando na casa da minha avó...
Nas tardes na casa de vovó eu lembro do cheiro de café no final da tarde e de como ela jantava cedo.
Lembro das brincadeiras na calçada com a criançada da rua; elástico, pega- pega, esconde- esconde, barra bandeira era uma correria só. E quando chovia juntava um monte de gente pra ir procurar bicas disponíveis.
No quintal me esquivava pra vovô não me descobrir brincando de piscina no tanque e subir na árvore de seriguela era o melhor daquilo tudo. Eu nem vou falar das surras que levei por sujar a água do tanque e por quebrar os galhos das árvores. 
Nos fins de semana podia acordar mais tarde, mas levantava a tempo de receber o sol da manhã na calçada, brincava com o cachorro na rua e entrava pra tomar o café que mainha fazia. Na maioria das vezes ia comer assistindo desenhos animados (ainda faço isso hehe) e passava o resto do dia brincando... video game? computador? O máximo de tecnologia que eu tinha era o mini game que fazia mainha se irritar com as musiquinhas repetitivas.
Uma vez brincando de cantora com um pedaço de pau na mão numa calçada alta me desequilibrei e cai, fui parar no hospital com o palato perfurado... minha mãe enlouqueceu... eu achei que o remédio que me deram foi o mais delicioso que eu já tomei.  Já quis quebrar meu braço de propósito, pois achava lindo o gesso todo assinado. Passei dois dias internada no hospital e foi a primeira vez que eu dormi fora de casa, foi uma aventura.
Tinha medo de escuro e de assombração, hoje em dia não tenho mais medo do escuro.

Minha querida infância, sinto saudades.