segunda-feira, 28 de março de 2011

Escuta essa



 

Não Foi Tua Culpa (Padre Fábio de Melo)


Nem sempre na vida se joga tão bem
Se destroem as coisas e os sonhos também
Nossos olhos se enchem de lágrimas
Lembrando o que aconteceu

Ninguém nunca nos disse ou tentou ensinar
Que alguns que se amam podem se odiar
Quando não se permite ao amor respirar o orgulho consegue ganhar

Eu sei não é fácil ver desmoronar
Tua felicidade num castelo de areia
Ouvir essas vozes na escuridão
Te acusando e reclamando

Não foi tua culpa e não te enganem com isso
Não foi tua culpa liberta-te desse peso
Não te tortures pensando em que mal tens feito
Se Deus não te acusa, ninguém mais tem o direito

Não foi tua culpa... 

Não tenha vergonha se queres chorar
Tens uma ferida que deve curar
E se queres olhar a diante o passado se deve sarar

Eu sei não é fácil falar de perdão
O ódio atrapalha e escurece a razão
Já não busque culpados em teu coração
Mas um refúgio onde possas amar

Tenha coragem e segue lutando
Há muito por amar e Deus não pensa em deixar-te
Se andam falando que a história acabou
A verdade é outra, apenas está começando

Não foi tua culpa que não te enganem com isso
Não foi tua culpa liberta-te desse peso
Não tortures pensando em que mal tens feito
Se Deus não te acusa ninguém mais tem o direito

Tens mais uma chance de ser feliz
Ainda pode dizer ao amor...
Que sim...
Que sim...


quinta-feira, 17 de março de 2011

Prisões

          Você pode viver entre multidões e ainda assim sentir-se só, não é mesmo? Pois bem, você também pode viver sem algemas, correntes e grilhões e ainda assim sentir-se preso. Existem pessoas que provam da solidão mesmo tendo companhia por vários motivos, um deles, por exemplo, pode ser as barreiras que o prendem em mundos que muitos acham que eles mesmos criaram, o que ninguém imagina é que eles podem estar procurando, incessantemente, uma maneira para escapar. Se imagine em cárcere, sem  nenhuma liberdade para ir e vir. Horrível, não? 
A sensação de sentir-se preso é quase a mesma coisa se não for a mesma coisa, as paredes em volta não existem, mas não se consegue ir muito além, os caminhos e oportunidades aparecem como para qualquer outra pessoa, mas não se consegue escolher, ou pior, não se consegue ir em frente. Muitos devem não entender, devem imaginar que estas pessoa  não seguem seus próprios caminhos por que não quererem, por comodismo ou, simplesmente, não tem coragem pra enfrentar o mundo.
Essas prisões invisíveis podem existir de várias maneiras e por vários motivos, elas podem ser problemas não solucionados ou apenas a maneira de viver dessas pessoas. Muitas vezes essas pessoas podem ser tratadas como coitadinhas a vida inteira, são protegidas a qualquer custo e é assim que elas  acabam se vendo, frágeis e incapazes, tem medo de enfrentar as oportunidades por achar que não vão conseguir e acabam por não dar o próximo passo; Não conseguem tomar decisões, que só cabem a elas por olharem demais pros lados; acham que devem agir de forma a agradar a todos; pensam muito mais nos outros que em si mesmas;optam pela própria infelicidade por achar, que suas decisões que lhes trarão felicidade vão afetar a vida de outras pessoas.
          Pode ser possível que alguém esteja nesse estado e nem perceba, o  que não é de todo ruim já que "o que os olhos não vêem o coração não sente". Mas e pra quem sente e luta contra os grilhões diariamente? Tenta sair de trás das grades e não consegue? Quem se vê prestes a se libertar e dá de cara com uma nova muralha? Muitas pessoas se vêem em situações muito complicadas, nas quais conseguem ver a solução de seus problemas, mas de alguma forma, não conseguem fazer o que tem que fazer. Quem está de fora, normalmente pensa que esta pessoa está de braços cruzados pro problema ou simplesmente desistiu de tentar... Mas ninguém imagina pelo que se passa na cabeça de alguém que se sente assim... Os sonhos dessas pessoas podem ser tão simples, podem ser apenas poder ter uma vida normal como qualquer outra pessoa, interagir com as outras pessoas, estudar no que se gosta, ter um bom emprego, ter amigos, se divertir com eles, construir uma família... Mas na sua cabeça a decisão é demais, seja porque os vizinhos vão falar, pela família que os reprovaríam, pelos amigos que os deixaríam de lado, pelo(a) pretendente que os(a) trocaríam.
Bem, é tão fácil. É só agir, é só escolher e não dar ouvidos aos outros, afinal a vida é sua!
Não, não é tão fácil quanto se pensa. Infelizmente.

sábado, 5 de março de 2011

O caminho de volta

Atravesso a faixa e subo na calçada da ótica olhando pra vitrine com aros de bicicleta cromada e sorrindo penso: "Que criatividade!" Quando me dou conta já estou no fim da calçada, estava pensativa e com a cabeça baixa, como sempre, passo pela travessa e subo novamente a calçada, agora estou em frente ao mercadinho, mas pra este não olho pra dentro sei lá porque, passando em frente a padaria meu nariz fica todo contente e fico imaginando que o ceguinho que está sentado na calçada também tem seu nariz acariciado pelo cheiro bom de pão que vem lá de dentro... Nossa já passei pela livraria, a loja de tecidos me faz andar enrijecida, e isso nem vou comentar porque, a loja de sapatos sim me chama atenção, tem dias que passo e nem olho, mas há dias que não resisto e acabo entrando só pra paquerar com algumas sandálias de salto e umas sapatilhas enxiridas que teimam em chamar meu nome em voz alta quando eu passo, na maioria das vezes nem compro nada, como disse, é só uma paquera sem fundamentos, nada sério. Passando pelo posto de gasolina, faço o sinal da cruz em respeito ao cemitério que está disposto do outro lado da rua, com cuidado atravesso a rua, nem sempre respeitando os sinais, mas chego sempre em segurança do outro lado, e subo a calçada da tv local, atravesso mais um sinal e entro previsivelmente na farmácia e como de costume subo na balança, às vezes cumprimento a farmaucêtica, nem sempre saio da balança feliz e acho que a dona da farmácia percebe meu desapontamento, fico tentando adivinhar o que ela está pensando, mas acabo perdendo a linha do pensamento, pois uma pessoa me cumprimenta ao passar por mim, tento enxergar quem é, pois vivo sem meus óculos e acabo não reconhecendo as pessoas de imediato.Tentando adivinhar quem era já me vejo depois da loja de computadores, me lembrei que preciso tirar xerox de uns documentos e entro no ambiente que faz cópias...alguns minutos depois e estou de volta ao trajeto, passo pelas escadas da lojinha de evangélicos, lá vendem de um tudo, e me preparo pra atravessar novamente a rua prestando "atenção" ao sinal, na verdade vejo só se vem carros... Do outro lado da rua subo mais uma vez em uma calçada, é a calçada do prédio da companhia de água e esgoto da cidade, desço a calçada sigo em direção a sorveteria, olhando sempre em frente ao passar em frente aos moto-taxistas, peço um sorvete de chocolate com cobertura diferente e saio olhando pra loja que vende joias, mas não vou entrar, pois não gosto de ir lá só, se bem que se eu estivesse com minha mãe faria questão de não entrar também, enfim, gastei parte de meu dinheiro com sorvete e agora não poderei colocar o crédito no celular, ligações a cobrar 4ever, passando pela funerária lembro do dia em que perdi minha avó, ninguém sabe, mas tenho raiva deles desde este dia, o cheirinho da outra padaria me faz querer entrar também, mas o sorvete que está na minha mão me faz repensar e deixar a passadinha por lá pra outro dia, passo por trás da rodoviária olhando para os ônibus parados esperando que os passageiros entrem pra seguir viajem e sempre me pego pensando subindo em um deles, quase nunca o destino importa, subo a calçada da lotérica, mas não tenho nenhuma conta pra pagar, pelo menos não hoje, e paro um pouco pra paquerar com as jóias de uma vitrine, meu sorvete já acabou então entro pra gastar o resto do meu dinheiro, minha mãe vai me dar bronca, mas valerá a pena, saio imaginando quando vou usar meu brinquinho novo, de como eu queria comprar aquele escapulário para dar de presente a um amigo meu, imagino de como ele ficaria feliz, mas nem tem como eu entregar então deixa pra lá, talvez ele nem gostasse do tal presente mesmo. desço a calçada e olho pra o interior do super mercado e me lembro de quando fizeram um presépio de natal lindo há muito tempo... sempre me pergunto por que lembro disso e sempre digo que eu poderia ter tirado uma foto já que achei tão bonito. A loja de material de construção sempre me faz sair da caçada já que o estacionamento está sempre lotado e continuo fora da calçada até passar do bar que está sempre lotado também, quem bebe nunca tem nada melhor pra fazer, o hotel quase sempre tem alguém no balcão e eu fico imaginando se tem alguém na janela de algum quarto, daí olho pra cima em busca de algum curioso. Que bobagem! Falo com um amigo quando passo pelo mercadinho, é o neto da dona, ora encontro-o no mercadinho, ora está no ponto de moto-táxi na conversa fiada. Que vontade de entrar nas lojinhas de roupas, mas deixo pra depois, estou sem dinheiro. Atravesso outra rua, agora com cuidado, esta não tem sinal... Quando passo na frente da clínica asceno para a atendente da dentista. E passo na frente do hospital, às vezes é nessa hora que o ônibus que me leva pro colégio passa por mim: que pena que não ganhei carona. Passando atrás da igreja me lembro quando fazia parte do acolhimento, eu adorava os domingos... subo no meio fio e vejo o ônibus de volta com os alunos... dessa vez o motorista me viu e buzinou. Uma parte do caminho eu praticamente me arrasto, me sinto desconfortável e não dá pra saborear os detalhes, me sinto observada... é exatamente isso o que as pessoas que estão nas calçadas fazem quando você passa: te observam, cada passo... Cuidado como respira! Enfim, falo com algumas pessoas e reconheço à rua em que entro, mais pessoas na calçada, cochichos e risadinhas, poucos "ois", um no máximo dois sorrisos. Giro a chave no cadeado, entro e sinto como se eu tivesse escapado mais uma vez... Ufa!!!! Abro a porta e um sorriso. Estou em casa! É uma ótima sensação. É esta sensação que queria ter quando algo desse errado. Saber que seja qual fosse o caminho que eu escolhesse, se não der certo, sempre terei o caminho de volta e a minha casa pronta pra me acolher e eu mais uma vez poder me sentir segura novamente.